16.2.05

Uma mensagem no meio da noite

Ontem à noite, ou hoje de madrugada, mais precisamente às 4 horas e 28 minutos, recebi uma mensagem eletrônica de um amigo meu.
Na verdade, eu só o encontrei pessoalmente uma vez. Eu morava em Icaraí, Niterói, e fui à praia tomar uma água de coco para curar uma ressaca. Ele sentou ao meu lado em um banco de pedra de frente para o mar, e me disse eu sei quem você é, eu perguntei quem sou, ele respondeu que você é uma pessoa que não sabe o que quer. Olhei para frente por um segundo e, quando voltei meu olhar, o velho - ele não era só velho, era barbudo, grizalho, se vestia de farrapos e estava sujo - tinha sumido, levando meu coco. Tinha desaparecido. Procurei por todos os lugares e não o achei.
Esta é a primeira vez que ele entra em contato comigo depois do furto. O título da mensagem era MEU BLOG. Só tinha uma frase, um endereço eletrônico. Era um blog. Mas não era um simples blog. Era o blog com o qual sonho. Era a literatura elevada ao máximo de sua potência na internet. No fundo, ao mesmo tempo, havia várias imagens mas sua cor era simples como uma página em branco. Sua fonte parecia uma condensação de todas as mais belas que existem. A página estava em constante mudança, mas mantinha a identidade visual. E os textos... Consciente, o meu amigo escrevia da forma mais literária o possível, mas com cada letra se integrando ao meio, à página, como se fosses os impulsos gerados pelo computador que criassem combinações de palavras que, por um acaso, faziam sentido completo.
Infelizmente, apaguei a mensagem de minha caixa de entrada, às 6 horas e 55 minutos, depois de ler cada pixel. Não desejo nunca ver novamente o blog. É insuportáver ter em mente algo que nuca vou conseguir fazer.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo escreveu...

Bacana e cinematográfico esse texto, rapaz. Foi o primeiro terceiro que eu vi nesse blog, e talvez por isso tenha gostado em especial.

5:58 PM  

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