28.1.05

Eu, leitor

Antes de mais nada, eu sou um leitor de jornal. Leio, quase todos os dias, três ou quatro jornais, mais algumas revistas. Ossos da minha (não)profissão.
Mas minha leitura não é atenta. Faço como os psicanalistas - mantenho uma atenção difusa. Passo os olhos e me apego a signos e palavras recorrentes, letras maiúsculas, negritadas ou em itálico.
Quando pego os jornais, olho-os e penso que estou com o mundo em minhas mão, ou, ao menos, um guia de viagem. Ali está o que um bom cidadão mundial deve saber, mas eu não me interesso. Quando recebo por correio eletrônico o New York Times digitalizado, sou tomado por uma imensa preguiça.
Não, não sou um cidadão do mundo, não tenho o mundo em minhas mão (Parêntesis. Toda pessoa que se interessa por cultura deve ler os principais veículos mundiais de crítica ou divulgação de literatura, cinema, música, etc. Eu nem mesmo leio o NYT, que recebo diariamente pela internet).
Diante da possibilidade de saber o que todos devem saber, retorno ao meu estágio anterior, à minha infância alienada. Ouço meus velhos discos, leio meus velhos livros.
Diante da virtualidade do meu presente, prefiro habitar a virtualidade do meu passado.

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