18.1.05

Argumentos

Às vezes, quem escreve coleciona argumentos. Gabriel García Márquez guardou por anos esboços que, desenvolvidos, se transformaram nos Doze contos peregrinos. Fernando Sabino teve a idéia de O grande mentecapto antes de escrever seu primeiro romance, O encontro marcado. Por aí vai.
Eu tenho meus argumentos. Passado certo tempo, ternam-se fósseis, vestígios incômodos de devaneios sem sentido. Odeio tanto meus esboços que quase nunca retomo um.
Agora, mudei. Ou melhor: já não tenho mais idade para querer ser escritor e não escrever todo dia ou quase. Por isso, comecei esse blog. Este é o único motivo: obrigar-me a trabalhar, a treinar.
Mesmo assim, ainda me envergonho de meus argumentos. Outro dia pensei em um conto sobre uma velhinha que volta a uma casa conhecida para matar alguém. Mas ela enfrentaria grande dificuldade por causa da velhice. Concordam comigo por corar?

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