1.8.07

Da vida das marionetes

Acho que a minha melhor "experiência teórica-estética" aconteceu com o Da vida das marionetes. Meu cunhado chegou com uma fita com alguns curtas e "um filme alternativo alemão". Comecei a ver o filme, pensando: cinema alternativo geralmente é sinônimo de tentativas formais auto-referentes, como alguém que quisesse ser o Fassbinder mas não consegue - no Brasil, peseudo-Glaubers.
Como eu não conseguia diferir o sueco do alemão, assisti até o final como se fosse um filme alternativo. (Como Bergman não gastava dinheiro com "produção", é mesmo "alternativo", "indie".) Terminei chapado, tinha visto um daqueles filmes que despertam uma associação de reflexões existenciais e estéticas. Nos créditos, identifiquei finalmente algumas palavras: Ingmar Bergman. Foi assim que descobri que o filme era dele.
Isso foi uma prova "experiencial", quase científica, de que realmente existem textos (filmes, nesse sentido, que seriam textos barthesianos) não-legíveis, que falam pouco, que dão um espaço enorme para o leitor (ou espectador) atuar. (Todos os filmes do mainstream americano são tagarelas, mesmo a marioria dos do Scorcese. Não dão espaço para quem assistem a eles pensar.)
É prova também de que não é só o nome que conta. Comigo aconteceu o contrário do que Paulo Coelho relatou em sua declaração ao jornal O Globo de ontem: não houve coerção da época sobre mim para que eu gostasse do filme, ninguém disse que eu deveria apreciá-lo, eu estava até mesmo com preconceito negativo. Mas vi um dos melhores filmes da minha vida.

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