11.10.06

Vargas Llosa, o barroco

Baudrillard disse que Foucault usava o poder para criticar o poder. No trecho abaixo, de um livro que vai sair daqui a pouco, Vargas Llosa usa a prolixidade para criticar a prolixidade (de um autor chamado José Lezama Lima):

"Há muitas páginas de Paradiso nas quais o emaranhamento, o oceânico acúmulo de adjetivos e de advérbios, a sucessão de frases parasitas, que por sua vez se subdividem em outras frases parasitas, o abuso de símiles, de parêntesis, a sobrecarga, o adorno e o avanço ziguezagueante, as idas e vindas da linguagem acabam por ficar quase insuportáveis e desencorajam o leitor." (tradução minha)

Vargas Llosa é anacrônico não apenas em algumas opiniões políticas. Sua prosa, como bem viu Alberto Manguel, é semibarroca, está sempre a ponto de cair em rococós retóricos. Mas, apesar disso, seus livros e textos são fascinantes. Ou, para citá-lo novamente:

"Mas, apesar disso, quando se termina o livro, esses excessos verbais caem soterrados pela excitação, pelo deslumbramento (causado pela leitura)..."

1 Comentários:

Anonymous Anônimo escreveu...

Não lembro da qualidade da prosa do vargas llosa, mas gostei muito de Batismo de Fogo.

Quanto ao Foucault, devo ser o único que vai conseguir terminar a faculdade sem ter lido um livro inteiro sequer escrito por ele... rsrsrs

Andei lendo a introdução do Vigiar e Punir. Macabra, acho que esse deve ser legal de ler

3:15 AM  

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