27.9.07

Tesão por tagarelice

Lembrando mais uma vez o Barthes: existem textos que falam demais, não deixam lacunas para o leitor, e aqueles que exigem que o leitor aja, aqueles cujo sentido só se completa quando o leitor preenche as lacunas.
Bem, outro dia, li uma resenha sobre um livro que "fala de memória". (As aspas porque estou escolhendo abordar apenas um dos temas de que o livro fala.) Um romance sobre como, sem memória (poderíamos dizer, desenraizado, mas nesse caso seria desidentificado, sem identidade), muda a leitura do mundo e ele passa a ser um estranho lugar em que estranhas coisas acontecem a estranhas pessoas - quase como um ficção científica. E aí vem a resenha. (Não seremos levianos a ponto de chamar esses tantos jornalistas de críticos.) E ela diz que falta ao livro, ou melhor dizendo, à personagem (porque é uma protagonista feminina), justamente verossimilhança, i.e., identidade.
Fiquem, pois, com seus caçadores de pipas, seus marleys e suas cabuls infectadas de palradores, seus relatos de guerra que nos deixam apenas o conhecimento de qual é a capital do Azerbaijão ou como se fala "cortou dez cabeças com uma espada" em lituano.

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