9.8.07

Mais uma morte da História - apontamento

No livro Amor, pobreza e guerra, encontro uma frasezinha interessante: "Em toda parte, mas em particular nos Estados Unidos, o estudo da História está em acelerado declínio." Estava pensando como, em literatura - e, por razões óbvias, em cinema também -, quase só estudamos e lemos o que está a apenas um século de distância. (O interesse da cultura de massa pela História está muito mais ligado a uma história mítica, como um filme de Hollywood, penso.)
Aí entra um paradoxo: como a história parece andar cada vez mais rápido - possivelmente a revolução informática tem uma importância enorme, como teve a industrial -, temos menos tempo para olhar para trás. Gastamos muito tempo lendo os jornais, nos atualizando (palavra da moda), e não mais nos detemos nos "clássicos", como diziam antigamente.

Semana passada, quando li uma matéria do Prosa & Verso do Globo sobre as influências literárias da nova geração de escritores, achei uma atitude burra a conclusão de que "os novos não são 'estudiosos', não lêem os clássicos". Para mim, era claro que, se você ler Gonçalves Dias e Pessoa, vai ser influenciado pelo português, porque é mais próximo à nossa linguagem, à nossa realidade e ao nosso tempo. Não acho que essa minha conclusão esteja errada, mas penso que há um outro lado: estamos, sim, mais preocupados com a atualização do que com o "diacrônico", poderíamos dizer.

P.S.: Esse papo se estenderia muito, já que muitos e muitos fatores teriam que ser acrescentados, como o estranho fato de que os contemporâneos só são lidos por seus pares. Aparecem muito em jornais, mas não têm público-leitor. (Li um depoimento do Décio de Almeida Prado sobre Mário de Andrade em que ele diz que os modernistas eram muito influentes, mas pouco lidos, e apenas pelos "pares". Acho que isso ocorre com o contemporâneo.)

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